eu prefiro a sinceridade...

Sim! Eu perfiro a sinceridade.
Não aquela sinceridade que você esquece que existe em alguns momentos estratégicos, por uma questão de sobrevivência ou algo do tipo.Eu falo daquela sinceridade que vem de lá do fundo de algum lugar que você nem sabe qual é, mas que praticamente te obriga a abrir a boca e falar para alguém tudo aquilo... tudo aquilo que está ali dentro e - às vezes - nem você mesmo sabe que está.
Acho incrivelmente desnorteante o fato irrefutável de que vivemos o tempo todo tentando esconder algo que sentimos, ou fazendo o possível para fazer com que acreditem que nos sentimos de um jeito diferente daquele que realmente carregamos nessa nossa caixinha de surpresas. Digo isso olhando de fora. Digo isso depois de lembrar de muitas e muitas coisas já ditas e ouvidas das e para as amigas e da/para a irmã, em conversas sobre nós e as pessoas.
Metade (ou mais) do que fazemos ou dizemos para algumas das pessoas que mais amamos são simplesmente... fake! Não é nenhuma intenção malígna que existe por trás disso. É simplesmente para manter as relações de uma forma que possamos suportar. Outras vezes é só porque nós, agradáveis seres de carne e osso, não sabemos lidar com os sentimentos que ouvimos das outras pessoas, nem com os nossos próprios. Ou eles nos lisonjeiam a ponto de nos sentirmos tão seguros de nós mesmo em relação àquilo, que deixamos de dar importância. Ou eles nos assustam de uma tal forma, que não sabemos como reagir e nos afastamos. Ou, numa pequena parte das vezes, conseguimos até lidar com aquilo tudo, deixando tudo mais leve, embora saibamos que o "tudo" que temos não é o "tudo" que a pessoa tinha para nos dar. Há sempre (ou quase sempre) algo mais.
O fato é que lidar com nossos relacionamentos sempre pensando nas consequências que as nossas palavras causam nas pessoas é algo que me incomoda um pouco. Me incomoda primeiro porque somos desajeitados com as palavras... não sabemos como dar as nossas palavras para as outras pessoas. Segundo, porque, por mais que tentemos, nunca sabemos com exatidão o que a outra pessoa fará com as palavras que a damos. Terceiro, porque tudo fica colocado num tabuleiro, de um jogo insano, em que um quer prender o outro por mais tempo: ganha quem consegue acalmar melhor o coração da outra pessoa com... essas palavras que já se sabia serem exatamente as que ela queria ouvir. E, depois de pouco tempo de convivência, nós já sabemos quais são estas palavras.
Acho, no entanto, que todo este Ballet, que dançamos a cada dia, é que nos faz ficar mais ou menos acomodados dentro da sanidade. E às vezes é até uma dança agradável... um vai-vem que faz fluturar e imaginar coisas que só assim imaginamos. Mas não é fácil lidar com sentimentos. Não é fácil falar de sentimentos. Não é fácil se relacionar com outras pessoas. Não é fácil sentir.
Ultimamente eu tenho preferido a sinceridade. E ela é daquelas que vem do fundo, dá vontade de falar, mas que pára no meio do caminho, pondera e diz só o que os outros ouvidos ouviriam de forma leve - com raras exceções à explosões incontíveis. E isso faz bem (tanto as explosões quanto as poderações). E ambas ainda deixam muito a se dizer e a sentir. Há sempre algo mais.
E esta coisa de ser gente me incomoda muito mais do que me conforta.
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