Hoje

E, se meus olhos se abrem pela manhã, é para ser só dúvidas. Enquanto as horas passam, sou espuma, letras, palavras, linhas. Sou som que cala e silêncio que grita alto, alto. Então sou panelas, copos, pratos, gostos, gestos e texturas.Aí sou sonho, paixões, rodeios e receios, para ser, de novo, letras, palavras, linhas. Sou frio, calor, pés descalços, mãos suadas. Franja nos olhos, poesia, voz, tampa de caneta na boca, ponta dos dedos tamborilando na mesa. Riso incontível e incontido, palavras ininteligíveis, pensamentos perdidos, sem rumo. Sonhos sem sentido, noites bem dormidas, poucas horas. Sou ônibus lotado, um lugar vazio, cheiro de pipoca, sabor de brigadeiro, suco de maçã. Sou saudades, sou moleca, pirralha, lágrima, medo. Praia, barraca, toalha xadrez. Sou chuva fina na praça, sapatilha, diário, lembranças. Sou pele, poros, olhos, lábios. Cor, voz, som. Um "que de..." não se sabe bem o que. Sou saliva, café, damasco, nostalgia... saudades do que foi e não voltará. Saudades do que podia ser e não é. Saudades ainda daquilo que um dia - quem sabe - será. Vontade de vida, de jeito, de gosto, de medo e de meu. Nada para aquilo que passou e não deixou nada. Música que ecoa de novo e de novo...sou a letra, a palavra, a frase que não é dita nem escrita, mas que os olhos contam sem pestanejar. Sou ás de copas, vestido amarelo, sempre presente, mas nunca lá. Letras, palavras, linhas, sons. Sou sempre. Sou só hoje, não amanhã.
Copyright @ Petit Patê | Floral Day theme designed by SimplyWP | Bloggerized by GirlyBlogger | Distributed by Deluxe Templates