Feriado. Depois de uma corrida louca para conseguir pegar o bus que me levaria de volta ao lar-dece-lar da casa da vóvis, o marasmo de passar o dia todo em frente ao micro pedia uma batata rösti da batataria da esquina (só de falar dá fome!) e um filminho pipoca, para relaxar. Claro, tudo isso acompanhada de uma amiga - daquelas companheiras mesmo!
Depois do filme - claro-, horas e horas de conversas: sobre tudo e sobre todos... sobre nós e sobre os outros... mas só aqueles outros que fazem bem!
Hora de ir pra casa. Pegar o carro e dirigir para o outro lado da cidade. Que atípico!
As ruas estavam bem vazias e isto é um prato cheio para todo tipo de pensamentos filosóficos que insistem em tomar espaço na cabecinha fértil!
Pegar o carro. Sair às duas da manhã sozinha e dirigir de volta pra casa. Poxa! Quando é que eu cresci e esqueceram de me falar?
Há anos não fazíamos coisas semelhantes: ver filminhos nos colchões espalhados pela sala e jogar conversa fora. Claro que isto tudo traz várias lembranças dos "bons tempos que não voltam mais", mas que deixam um gostinho bom na boca e um cheirinho daquele lugar para o qual você pode retornar sempre que se sentir ameaçado.
Naqueles anos, tudo isso terminaria com três pessoas (não apenas duas. E a terceira faz falta!) dormindo desajeitadamente no meio de uma frase já bastante confusa por causa do sono...
Naquele dia, terminou comigo pegando o carro e dirigindo de volta pra casa.
Nossa! E aquilo tudo pareceu para mim tão fora de tudo a que eu estava acostumada! Sim, os anos se passaram, mas quase não dava para perceber. Talvez até agora eu tivesse sido uma pequenina, buscada e levada de volta para casa sã e salva e que só neste momento tivesse tido que crescer de vez. E de repente. E foi bom!
Fiquei pensando, no trajeto, em todo o pessoal da turma de antes. Alguns já casaram (estes cresceram na marra e mais rapidamente). Outros foram para algum canto do mundo, fazer sabe-se lá o que. Outros ficaram por aqui mesmo. Outros (e eu me incluo nesses) foram, mas não muito: uma perna lá, outra cá. O fato é que todos nós crescemos e, mesmo que demore um tempo para descobrirmos isto, uma hora ou outra a gente percebe...
E esta noite, em especial, me fez perceber, além do fato irrefutável da passagem do tempo, que algumas pessoas significam sempre a mesma coisa pra gente, ainda que não haja mais a proximidade anterior e que todos nós tenhamos mudado intensamente. Alguma coisa fica exatamente da mesma forma. E ver filmes toscos e comer batatas e jogar conversa fora continua sendo tão bom quanto era antes. E seria bom ter a certeza de que o tempo que vai passar daqui pra frente não vai fazer com que a gente deixe isso de lado, como tantas outras coisas que vamos deixando pelo meio do caminho que passamos e pelo qual não podemos fazer o passeio de volta.
E é bom poder andar pelas ruas vazias...
1 comentários:
Lendo seu post, percebi que se tivesse que dizer coisas desse tipo sobre meus amigos teria dito muito das coisas que vc escreveu. Os anos passam e quase não dá pra perceber. Quando menos se espera cada um foi pra um canto. Mas a sensação de que restou algo de cada um em mim permanece. Como vc disse: "algumas pessoas significam sempre a mesma coisa pra gente, ainda que não haja mais a proximidade anterior e que todos nós tenhamos mudado intensamente. Alguma coisa fica exatamente da mesma forma".
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