a place to call home...

Em uma das caminhadas me arrastando de casa até o campus, um dia desses, me peguei pensando (como várias outras vezes) nas diversas sensações que são causadas em mim por estar ali, de novo e de novo.
São muitos paradoxos.
Já ouvi, não apenas uma vez, que estudar fora muda tudo, faz toda a diferença. E faz. Fato. Mas talvez seja tudo muito diferente do que se imagina e é, sem dúvidas uma mistura de coisas indefinidas.
Minha intenção nunca foi esta. Menina sossegada, sem muitos planos futuros. Minha vidinha me bastava: mil amigos, conforto do lar, sempre alguém para me ajudar a atravessar a rua (o que era um desafio tremendo para mim). Sempre alguém para pegar na minha mão.
No susto, prestei vestibular. No susto, passei. Passei sem muita convicção, sem estudar, sem esperar.
Lá estava eu: cidade estranha, pessoas estranhas, lugar estranho. E a dor de estômago que não me deixava. O nó na garganta de quem quebrava a casca do ovo antes da hora.
Dezessete anos, boba de tudo. Boba para a vida. De repente, sozinha. Minha grande insistência era tentar me convencer de que aquele jamais seria meu lugar, jamais.
E não foi mesmo, por muito tempo. Pessoas vieram e foram. Algumas boas surpresas, algumas grandes decepções. Anos e anos e só depois de vários deles algo começou a me soar familiar e confortável. Algo começou a soar como "casa". E "casa" passou a significar coisas muito diferentes daquelas do início: o meu canto, o meu lugar, mas, ao mesmo tempo, o lugar que me levava para tantas outras pessoas e também aquele lugar onde a paciência e a tolerância devem sempre estar mode on, para evitar grandes conflitos externos. E os conflitos internos são inevitáveis.
Depois de tanta  coisa vivida, ainda soa estranho dizer que algo "está lá em casa" e ouvir a resposta de minha irmã, um tanto desconfortável com o que eu disse, "sua casa é aqui". Não é. Não completamente. É metade, ou talvez um pouco menos.
Sim. Sempre estive meio lá, meio cá. O meio do caminho me agrada neste ponto: tenho coisas boas das duas partes. Mas tem o lado ruim: onde é mesmo que me acho inteira? Aqui eu sou visita, lá sou passageira. Aqui eu tenho tudo, lá eu busco o mundo.
Será que a gente reaprende a juntar tudo em uma coisa só? Será que a gente volta completamente, ou vai?
São muitas pessoas, muitas situações, muito amadurecimento, muita dor. Muita dor velada com carinho pelas pessoas que estão (de verdade) ali do lado. Muita felicidade compartilhada com aquelas pessoas vindas dos lugares que você jamais imaginou conhecer.
O nó na garganta se desfez. Às vezes, no entanto, é falta de vontade de ter que ir para mais uma semana, ou falta de vontade de voltar para mais um final de semana. É muito amor, ou muito desamor. Tudojuntosemtercomoseparar.
Quero voltar para o lugar de onde saí. Sempre quis. Mas não é mais este aqui. Quero um canto que seja a minha casa, aqui.
Não. Não é fácil voltar a ser uma só. Também não é fácil viver dividida.
No fim das contas, acho que acabo querendo ter um lugar para chamar de casa...

4 comentários:

André Henrique disse...

Olá Paty, pode parecer bajulação, já que sou seu melhor amigo, mas não é. Este texto reflete a vida de muitos universitários. Sem dúvida, eu tenho a mesma sensação, às vezes chega ser desesperador essa vontade de ser inteiro, de ter uma casa, uma vida nossa, autônoma, em que possamos organizar tudo do nosso jeito. Falando de você como escritora: você tem muito talento. Essa parte foi muito inteligente - senti como se fosse uma idéia minha: Tudojuntosemtercomoseparar.

Você é uma gênia (kkk). Falando sério: uma menina inteligente, humilde (de verdade) escreve muito bem. Parabéns. Você é a graça nas nossas vidas em Araraquara. Já te falei várias vezes que você, ao contrário de 98% das pessoas que conheci em Araraquara, veio na medida certo, nunca enche!

disse...

Uau! Você conseguir descrever tudo o que nós sentimos com essa vida dupla que levamos =D
Sabe que umas das coisas que fazem daquele lugar ser também tão familiar é saber que você está lá. E que eu posso correr pra sua casa para conversar, rir e chorar. Acho que não dá para separar mesmo, pertencemos à dois lugares e ponto. Logo encontrará um lugar que será sua casa, sem ir e vir.

Anônimo disse...

A meu.. esse pessoal é tudo puxa saco... nada haver o texto, nunca senti nada disso ai não.. heauhaeuaehaeuheauaehaeuaeheauheaueahueh.. patenga... ja tem um lugar pra chamar de casa... colore heaueahuaehaeuheaueahueahuaeh.. bjokas fui.

bruninha disse...

Patyta...queimei o arroz lendo isso, porque fiquei refletindo kkk e depois que acaba a vida dupla dai, ai que saudades!!!...

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